Hospitalizada desde o nascimento, a pequena Amanda agora está sob cuidados de equipe multiprofissional, no próprio lar
A ansiedade era grande no portão da casa da família da pequena Amanda, no Jardim Peró, em Cabo Frio. Mais de uma hora antes da chegada da ambulância que traria a menina diretamente do Instituto Fernandes Figueira, no Rio, o pai Anderson e o irmão André aguardavam no portão de casa, com os olhos fixos na esquina. Não era para menos, afinal, a caçulinha de um ano e sete meses, finalmente, estava sendo levada para junto da família, após permanecer internada para tratamento, desde que nasceu, em razão de uma malformação congênita. Incluída no programa Melhor em Casa, coordenado em Cabo Frio pela Secretaria Municipal de Saúde, a criança passou a ter o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar no acolhimento do lar.
Dentro do Serviço de Atenção Domiciliar, Amanda passou a ter o suporte de dois médicos, fisioterapeuta, enfermeiro, técnico de Enfermagem, nutricionista, fonoaudiólogo, psicólogo e assistente social. Além disso, o município oferece a estrutura necessária de oxigênio e ventilador, entre outros recursos, para a continuidade do tratamento. A chegada da menina, acompanhada pela mãe Priscila na ambulância, mobilizou a equipe que compartilhava da mesma expectativa e emoção dos familiares.
Segundo o coordenador-geral do Programa Melhor em Casa em Cabo Frio e superintendente municipal de Reabilitação, Jay Rocha Brasileiro, o processo de desospitalização de Amanda, primeira criança a fazer parte do programa, durou seis meses. Ele explica que a atual gestão municipal, da prefeita Magdala Furtado e do secretário de Saúde Bruno Alpacino, tratou de manter a continuidade do programa, garantindo a tranquilidade dos pais da criança e dos demais pacientes incluídos no tratamento domiciliar.
“Hoje é um sentimento de dever cumprido. A prefeita e o secretário deram continuidade, porque é um projeto de cidade e de saúde pública, e não de governo. É um sentimento de entregar o melhor para a população. Não tem sentimento melhor para gente e para a família do que ver a Amanda em casa e isso emociona todo mundo”, enaltece Jay.
Cercada de cuidados e carinho, a pequena Amanda logo virou o centro das atenções dos parentes e da equipe do Melhor em Casa. Para a mãe da bebê, Priscila, trazer a filha para o ambiente domiciliar e reunir toda a família sob o mesmo teto foi a realização de um sonho.
“Eu não teria condições de trazer a Amanda para ter os atendimentos que precisa. Então, esse programa é fundamental para ela. É um trabalho lindo que está sendo feito em todo o Brasil e Cabo Frio abraçou a gente. Agora, é vida nova, com a família completa. Meu sonho era ver meus três filhos juntos. Graças a Deus, que isso hoje se concretizou”, elogiou Priscila da Conceição Vieira, que também é mãe de André, de 13 anos, e Andressa, de 11.
Acesso ao programa pelas unidades hospitalares e Atenção Básica
Iniciado em Cabo Frio, em maio de 2021, o Programa Melhor em Casa prevê a desospitalização de pacientes para evitar risco de infecções ou outros agravamentos do ambiente hospitalar. Além disso, a iniciativa proporciona mais conforto, com o atendimento na casa do paciente.
O programa recebe financiamento do Governo Federal, no entanto, o município entra com recursos adicionais para aperfeiçoar a estrutura. Atualmente, Cabo Frio conta com duas equipes habilitadas pelo Ministério da Saúde, sendo uma no distrito sede e outra em Tamoios, ambas compostas por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e técnicos de Enfermagem, além de duas equipes de apoio, sendo igualmente uma para cada um dos distritos, e compostas com psicólogo, assistente social, nutricionista e fonoaudiólogo.
Cada uma das equipes tem a capacidade de atender 40 pessoas, com uma rotatividade média, de dois a três meses, quando esses pacientes recebem alta. No caso específico da menina Amanda, os profissionais realizaram uma especialização no próprio Instituto Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Contudo, para o sucesso do programa, os familiares precisam estar engajados nos cuidados do paciente.
“Existe essa parceria do programa com o familiar, que tem que aceitar participar dos cuidados. O cuidador é muito importante para o Programa Melhor em Casa. Tem que ter essa parceria para dar essa continuidade ao tratamento e evitar que esse paciente tenha que voltar ao ambiente hospitalar, com risco de infecção”, explica o coordenador-geral do Programa Melhor em Casa em Cabo Frio, Jay Rocha Brasileiro.
O acesso ao programa acontece de duas formas: a primeira, por meio da unidade hospitalar, pois, para desospitalização, a equipe médica aciona os pacientes que estão internados, e a equipe do Melhor em Casa avalia se estão dentro do perfil do programa; e a segunda, por meio da Rede de Atenção Básica que, nas visitas, identifica os casos que possuem o perfil do programa e acionam a equipe do Melhor em Casa.
O secretário de Saúde, Bruno Alpacino, salientou a importância do Melhor em Casa, dentro das ações da pasta no município.
“Independentemente de governo, a pasta da Secretaria de Saúde não para. Os trabalhos continuam, assim como tudo o que tiver que ser executado e cumprido com os familiares, e toda a população”, finaliza.