Obra reúne poemas escritos durante a pandemia e marca os 50 anos de carreira do autor Abel Silva
Poeta, letrista, compositor e músico, o cabo-friense Abel Silva vai lançar seu 22º livro da carreira. “O caderno vermelho das manhãs” será lançado em Cabo Frio, na próxima sexta-feira (22), a partir das 19h, na Casa de Cultura José de Dome (Charitas). O livro será vendido no local e chega às livrarias pela Editora 7 Letras, reunindo 72 poemas escritos durante a pandemia.
Abel Silva é letrista e parceiro de compositores consagrados da MPB, como Moraes Moreira, Sueli Costa, Roberto Menescal e João Bosco, entre outros, e com vários sucessos no currículo. Para criar seus versos, ele costuma buscar inspiração em caminhadas pelo Jardim Botânico, bairro onde mora há mais de 45 anos.
Com a pandemia, o autor ficou restrito ao terraço da sua casa até o Jardim Botânico ser liberado para visitação.
“Foi muito difícil e eu senti muito medo. Pensava muito no dia seguinte e no perigo rondando filhos, netos, amigos e parceiros. Ia colocando as letras no papel, em um desabafo diário. Escrever um livro em meio a uma pandemia é um trabalho na mira do punhal da imprevisibilidade, no balanço da corda estendida sobre o buraco negro do medo”, explica Abel Silva.
ABEL SILVA
Abel considera o início da carreira com a gravação de “Jura Secreta”, que se tornou um sucesso nas vozes de Fagner e Simone, pelos idos de 1978, composta em dobradinha com Sueli Costa, que é sua parceira há algumas décadas.
Em 1981, Gal Costa gravou “Festa do Interior”, parceria de Abel e Moraes Moreira, que se tornou um dos maiores sucessos da Música Brasileira. A canção já ganhou versões em mais de dez idiomas incluindo japonês, italiano, espanhol, finlandês e inglês.
Com mais de 300 músicas compostas, Abel conta com dois “Prêmio Sharp”, pela autoria de “Voz de mulher” (com Sueli Costa), registrada por Edson Cordeiro, e “Sempre você” (com Dominguinhos), na interpretação do parceiro. Recebeu, ainda, uma indicação ao “Prêmio Sharp” por sua composição “Amor escondido”, em parceria com Fagner, que a interpretou.
Entre os últimos trabalhos estão o CD “A bel prazer – Abel Silva – Letras e canções inéditas”, lançado em 2016 pela gravadora Biscoito Fino), onde vários artistas fazem releituras de algumas de suas composições, como: Moraes Moreira, Sandra de Sá, Fagner, Pedro Miranda, Moacyr Luz, Leila Pinheiro e Zélia Duncan.
Em 2018 foi a vez de “O encontro inédito – Roberto Menescal & Abel
Silva”, também pela Biscoito Fino, com músicas da dupla interpretadas por vários convidados, como Claudia Telles, Cris Delanno, Fernanda Takai, Isabella Taviani e outros.
Ao longo dos seus 50 anos de carreira, Abel sempre teve seu trabalho, como poeta e letrista, reconhecido. Segundo declaração de Carlos Drummond de Andrade, ele era “criador de uma poesia que se comunica e encontra expressão natural em música”.
Já Glauber Rocha o definiu como “Neomodernista surpreendente, de cuca voadora”. E até a imortal Ana Maria Machado já se rende às letras de Abel: “Tem marca própria, uma visão poética original”, densa, mas cheia de alegria de viver e de um lirismo contemporâneo e sensual”.
Como escritor, Abel lançou o primeiro livro, “O Afogado”, em 1971, seguido por “Açougue das Almas” (1974), “Asas” (1975), “Mundo delirante” (1990). Entre os mais recentes estão “Poema Ateu” (2011), “O gosto dos dias” (2015) e “Fôlego” (2018), todos pela Editora 7 letras.